Algo sobre o gênero textual entrevista

A entrevista é um texto informativo e jornalístico, cujo objetivo é fazer com que o leitor conheça melhor as opiniões e ideias do entrevistado, o qual deve ser uma pessoa relevante para o público-alvo.
Geralmente a entrevista é oral. Em virtude disso, o jornalista deve tomar nota minuciosa de tudo que foi dito durante o "encontro" ou gravar a conversa, a fim de transformá-la em um texto escrito, que será lido pelo público a que se destina.
As perguntas do entrevistador devem ser impessoais. Podem ser polêmicas, mas o entrevistado tem de ficar à vontade para responder de forma espontânea.
A estrutura da entrevista apresenta em geral os seguintes elementos: título, apresentação, perguntas e respostas.
O nome do entrevistador (veículo de imprensa) e do entrevistado aparecem antes das perguntas e das respostas (rubricas).
As perguntas costumam ser elaboradas antes da entrevista, mas o entrevistador também precisa estar preparado para fazer as perguntas de improviso à medida que a conversa vai se desenrolando.
Veja um exemplo de entrevista, atentando-se à sua estrutura:

Criança tem é de brincar

Uma agenda congestionada na infância é um problema, não uma solução

As crianças de hoje brincam cada vez menos. Cursos de línguas, música, esportes, tudo preenche o tempo infantil de forma avassaladora - e cada vez mais cedo. Com a agenda lotada, elas tendem a ficar menos entusiasmadas pela aprendizagem. Correm o risco de virar adultos mais ansiosos e menos criativos, segundo Kathy Hirsh-Pasek, da Universidade Temple, na Flórida. Uma das mais respeitadas autoras de livros de aconselhamento para pais, ela diz que brincar é aprender. E convoca os pais a deixar seus filhos mais livres.
ÉPOCA - Por que brincar é tão importante?
Kathy Hirsh-Pasek - Brincar é aprender. Quando a criança brinca com blocos, está aprendendo sobre espaço, física e matemática. Quando ela conta ou representa suas histórias numa brincadeira, está construindo os fundamentos da literatura. Se brinca com outros, está aprendendo como negociar e como atuar em grupo para chegar a um objetivo comum. Desenvolver essas habilidades brincando é importante inclusive para que a criança absorva melhor os ensinamentos em sala de aula. Brincar representa para a primeira infância o que a gasolina é para um carro.
ÉPOCA - Por que as crianças de hoje brincam menos?
Kathy - Num mundo globalizado, competitivo, os pais acreditam que seus filhos estarão um passo à frente se passarem mais tempo em atividades variadas do que brincando. Computação, culinária, ligas de futebol. Já ouvimos falar em dança mista de salão para os pequenos. Há uma estimativa de que crianças de 4 e 5 anos tinham 40% de seu tempo para brincadeiras livres em 1981 e hoje têm apenas 25%. Em palestras, percebo os pais atarantados, querendo preencher todo o tempo livre dos filhos. As crianças estão estressadas. Em 2006, a Associação Americana de Pediatria lançou uma nota sobre a falta de tempo livre das crianças e ressaltou a importância da brincadeira no aprendizado acadêmico e no desenvolvimento social e emocional. Vivemos a sociedade dos apressados, do culto do sucesso. E a infância sai perdendo.
ÉPOCA - Por que chegamos a esse ponto?
Kathy - Até o século XIX, não se reconhecia a infância como um período distinto que antecedia a fase adulta. A partir daí, houve a revolução industrial, a formação da família burguesa e, quase no século XX, o surgimento da psicologia infantil. Nos anos 40, veio uma avalanche de revistas científicas voltadas ao estudo da criança. Em 1946, Benjamin Spock lançou o famoso livro Meu Filho, Meu Tesouro, que oferecia aos pais um plano de como criar seus filhos. Assim nasceu a indústria do aconselhamento, que de lá para cá só cresceu.
ÉPOCA - Qual é o resultado desse processo?
Kathy - O medo. Os pais temem que seus filhos fiquem aquém das outras crianças, então criam todo tipo de atividades intelectuais, cursos de arte, música, reforço da escola. Tudo para que eles estejam sempre à frente. Passou-se a acreditar que, se as crianças tiverem uma enxurrada de informações mais cedo, o cérebro delas vai se desenvolver mais e mais rápido. O símbolo disso são os flash cards (cartões com figuras e um texto de informações atrás. Os pais mostram a imagem a crianças pequenas, às vezes ainda bebês, e lêem exaustivamente o texto para que elas absorvam as informações). Eles representam um tipo de aprendizado baseado na memorização em vez da construção do significado. Além da ansiedade dos pais, há outros "concorrentes" da brincadeira livre e lúdica: a televisão e os videogames. Nos Estados Unidos, 25% das crianças com menos de 3 anos têm uma televisão no quarto. O "tempo de brincar" se transformou no "tempo de assistir". Crianças ativas ficaram mais passivas.

Fonte: Revista Época. Disponível em: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDR76127-6014,00.html

Atividade de compreensão:
A partir da entrevista acima, responda no caderno:
1. Quem é o entrevistador e o entrevistado?
2. Que informações básicas são transmitidas pela doutora Kathy?
3. O entrevistador se mantém imparcial ou apresenta opiniões sobre o assunto? Justifique.
4. Por que o título da entrevista deve ser sugestivo?
5. O assunto é polêmico? Justfique.
6. Qual o conteúdo da apresentação da entrevista?

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